quarta-feira, 27 de agosto de 2025

INVERSÃO DE VALORES

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A aliança com as máfias clandestinas ─ incluindo, é claro, as "religiosas"  ─ sempre foi uma condição inerente (sine qua non) aos métodos políticos da extrema-direita. Um sinal explícito deste conluio é a própria ideologia da negação do Estado, concretizada em ações de sabotagem aos poderes públicos.
Há vários exemplos históricos dos reflexos que esta parceria macabra, seja no governo ou na oposição, pode provocar. A simpatia da população do sul estadunidense por figuras como Bonnie e Clyde, naqueles tempos cruciais da década de 1930, é um tipo de sintoma sociológico desta deturpação.
No Brasil o governo recorreu a grupos de cangaceiros para tentar rebelar a Coluna Prestes que peregrinava pelo interior do Nordeste. Outra referência sombria é a associação da polícia e do exército com o chamado “esquadrão da morte” na época da ditadura militar.
O mais cruel deste fenômeno ─ pode-se dizer também o mais revelador ─ é que esses “revoltados” da direita radical "anti-Estado" estão envolvidos até o pescoço com a estrutura estatal injusta e corrupta.
De fato é tentadora e muitas vezes justa uma posição contra os governos em geral; como diz o famoso ditado anarquista, "hay gobierno, soy contra".  Mas esta conduta não pode ser uma estratégia nefasta de inversão de valores, em boicote à ordem pública e aos ditames da lei. 
Em nome de uma falsa moral sustentada por slogans vazios como "Deus, pátria e família", o objetivo da extrema-direita é corromper a hegemonia da legalidade e da Constituição, minando os valores da democracia e, consequentemente, o bom convívio entre as pessoas, com estímulo ao ódio, à violência e ao desequilíbrio social.

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